14 de mar. de 2009

A HISTORIA DE Sr. UNIBERTO

Esta é a história do Sr Uniberto H., que teve sua casa afetada no Morro do Baú, e que era tratador de cavalos na Fazenda do Sr Egon em Ilhota:

“No abrigo da Ilhotinha, Fernanda H., operária numa fábrica de móveis, sempre esteve acostumada a trabalhar duro o dia todo, cuidar da casa e dos dois filhos,Leandro, de seis anos , e Leonardo de 10, com muita energia. Agora, seu olhar é distante, e ela caminha em passos lentos. “Ela ficou assim, triste, preocupada”, explica o marido, Uniberto. É difícil arrancar um sorriso dela, e por muitas vezes seus olhos se enchem de lágrimas. “Eles estão tratando a gente muito bem aqui, não podemos reclamar. Mas eu só queria mesmo voltar para a minha casinha”, diz Fernanda. Atrás dela logo chega Luis. A mãe explica que no momento do resgate – quando os bombeiros passaram um por um sobre a correnteza do rio, deslizando por cordas, e depois na viagem de helicóptero até o abrigo – o filho menor estava achando tudo uma aventura, enquanto o maior, Bruno, estava nervoso e preocupado, sabia o que estava acontecendo. Já no abrigo, as coisas se inverteram. O mais velho aceitou a situação, encontrou um grupinho de crianças e se distrai correndo e brincando. “O pequeno só pede para voltar pra casa, o tempo todo. Ele não se acostuma. Já teve doente da garganta, não quer comer, e fica grudado em mim o dia todo. Talvez seja porque o irmão dele achou um amiguinho da escola aqui, e ele não”, tenta explicar a mãe das crianças, depois de trazer a comida que já está sendo servida. As chuvas na região se intensificaram no sábado, dia 29 de novembro. No domingo à noite, a família orava, pedindo proteção a Deus, quando uma barreira despencou na colina atrás de sua casa, mas desviou pelo lado, não os atingindo. Religiosos, eles acreditam que o fato tenha sido um milagre. Mesmo assim, foram para a casa de um vizinho e lá ficaram, sem energia elétrica, água ou telefone, até terça à tarde. “A gente não tinha notícias e não sabia o que estava acontecendo. Ficamos muito assustados”, conta o agricultor Uniberto. Ele morou sua vida toda no campo, e apesar de ter muitas preocupações com emprego e um lugar para morar, deixa transparecer que o que realmente lhe aflige é o destino dos seus dois filhos. “Lá eles brincavam, andavam por tudo. Estávamos longe das coisas, é verdade. O hospital mais próximo ficava a 20 quilômetros. Mas também não havia violência, criminalidade, drogas. Era um lugar muito bom para se criar um filho. Agora não sei para onde vão nos levar”, indica o agricultor de uma terra que não existe mais. Pensando em como vai proporcionar um futuro para sua família, ele se arriscou e voltou à sua casa para pegar uma moto que havia comprado recentemente, em prestações mensais. “Fiz em 48 vezes. Ainda falta pagar 46”, diz. Ele a mulher também relembram a casa onde moravam. “Era velhinha, de madeira, até chovia dentro em algumas partes. Foi construída pelo meu sogro. O assoalho era tão lindo, ficava brilhando depois de passar cera. Eu gostava muito da nossa casa”, conta Fernanda”

O homem desta história apareceu no escritório da Aliança por Ilhota no dia 16 de fevereiro, todo feliz por ter encontrado a gente. Falou que um homem que mora em Goiânia, orou por eles no abrigo da Ilhotinha, leu a Bíblia com eles e disse que quando precisassem de ajuda, poderia procurar a Visão Mundial, os “laranjadinhos” naquele endereço. Fiz algumas perguntas a ele sobre o cadastro, suas necessidades, seu endereço, se tinha crianças em casa, o que tinha acontecido com sua casa, etc Ele falou que era morador do Alto do Bau, tem dois filhos pequenos, que precisava de cama de casal, cama para as crianças e guarda roupas, que a casa não dava para voltar, pois a ponte que leva até sua casa caiu e não dá para atravessar o rio. Agora ele e sua família estão numa casa alugada, que ele consegue pagar com o trabalho que encontrou numa malharia na cidade. Durante a conversa Sr Uniberto com muito constrangimento falou que era pobre, mas quando voltasse para a sua casa ele devolveria tudo. Falei que ele que não precisava devolver. Depois combinamos como ele poderia pegar os moveis e as outras doações para ele e sua família, o que deixou ele muito feliz. Alguns dias depois, durante uma conversa com o coordenador de obras, Sr Almir, descobri que Sr Uniberto faz parte da sua equipe de construção. Fico entusiasmada e feliz com os processos que Deus usa para Reconstruir a Esperança deste povo!..